No dia 1º de setembro de 2024, o Corinthians Feminino entrou em campo para disputar o primeiro jogo das semifinais do Campeonato Brasileiro, em um cenário emblemático: o aniversário de 114 anos do Sport Club Corinthians Paulista. A partida, realizada às 11h da manhã no estádio Jaime Cintra, em Jundiaí, foi marcada por condições climáticas extremas, com sol escaldante e uma umidade baixíssima, mais apropriada para um deserto do que para uma partida de futebol. A escolha desse horário levanta sérias questões sobre a organização e o respeito às atletas, que foram expostas a um calor desumano para jogar futebol.
Primeiro Tempo: Pressão Inicial e Erro Fatal
O Corinthians começou o jogo pressionando o Palmeiras, criando várias oportunidades nos primeiros minutos, mas pecando nas finalizações e nos escanteios mal batidos. A pressão inicial se mostrou eficiente, mas ineficaz em termos de resultados, com o gol de Millene sendo anulado pelo VAR de forma polêmica aos 10 minutos. A partir desse momento, o time sentiu o golpe, e a intensidade diminuiu, permitindo que o Palmeiras equilibrasse as ações.
O jogo sofreu uma queda de qualidade evidente após a parada técnica para hidratação, e em um momento de desatenção defensiva, a goleira Nicole foi forçada a cometer um pênalti, convertido pelas adversárias. A partir daí, o time se desestabilizou e não conseguiu mais impor o ritmo que havia demonstrado nos primeiros minutos. O primeiro tempo terminou com o Palmeiras em vantagem, e as Brabas sem conseguir mostrar seu potencial devido às condições climáticas e ao erro defensivo.
Segundo Tempo: Da Superação ao Triunfo
No retorno para o segundo tempo, o Corinthians parecia ainda sentir o calor e a pressão do placar adverso. O início foi marcado por um futebol desorganizado, onde a equipe mostrava dificuldades para manter a posse de bola e criar jogadas ofensivas com qualidade. A insistência em bolas alçadas na área e em jogadas individuais pouco produtivas refletia a falta de tática clara.
Porém, no futebol, há momentos em que a raça e a vontade de vencer superam as limitações táticas. Foi exatamente isso que ocorreu após os 30 minutos, quando o time começou a crescer na base da superação. Vic Albuquerque, sempre combativa, empatou o jogo aos 38 minutos, em uma jogada que refletiu o espírito de luta das Brabas.
A partir daí, o Corinthians tomou conta do jogo, impulsionado pelo empate. Carol Nogueira, que entrou no segundo tempo, virou o placar com um golaço, aproveitando um rebote na área, e Duda Sampaio selou a vitória nos acréscimos, mostrando que, apesar das adversidades, o Corinthians continua a ser um time que se supera nos momentos mais críticos.
Avaliação individual
01 Nicole – A goleira teve um jogo de altos e baixos. No primeiro tempo, cometeu o pênalti ao tentar corrigir um erro defensivo, o que resultou no gol adversário. No segundo tempo, porém, ela mostrou segurança, especialmente em bolas alçadas, e evitou maiores danos.
02 Letícia Santos – Teve um jogo discreto, mas eficiente. Apesar de ter sofrido com a pressão adversária em alguns momentos, soube se posicionar e ajudou na defesa, mesmo aparecendo pouco no ataque.
16 Dani Arias – A zagueira colombiana teve uma atuação sólida, apesar de alguns erros pontuais no primeiro tempo. No segundo tempo, foi fundamental para segurar o ímpeto palmeirense, fazendo bons desarmes e cortes importantes.
20 Mariza – Um dos destaques defensivos do jogo, Mariza foi precisa em seus cortes e intervenções. Além de sólida na marcação, foi peça fundamental na saída de bola, participando ativamente da construção das jogadas.
21 Paulinha – Defensivamente, Paulinha cumpriu seu papel. Embora tenha oferecido pouca contribuição no ataque, sua atuação foi eficiente ao neutralizar as investidas pelo seu lado. Mostrou segurança nas ações defensivas.
28 Ju Ferreira – A melhor em campo até ser substituída, o que foi uma surpresa, já que estava controlando o meio de campo com sua visão de jogo e distribuição de passes. Fez bons desarmes e foi essencial no controle do meio-campo. Sua saída foi sentida.
17 Vic Albuquerque – Incansável. Correu, brigou e foi recompensada com o gol de empate, que reanimou o time. Mesmo quando estava cansada, continuou lutando em cada jogada. Seu espírito de luta foi essencial para a virada.
27 Duda Sampaio – Fez uma partida discreta por grande parte do tempo, mas mostrou sua qualidade nos momentos decisivos. Seu posicionamento foi preciso, e marcou o terceiro gol que garantiu a tranquilidade no placar.
14 Millene – Teve boas chances de marcar, principalmente no primeiro tempo, mas foi parada pela goleira adversária. Lutou muito contra as defensoras adversárias, mas não teve sucesso em converter suas oportunidades. Saiu esgotada, mas com uma boa atuação. Nota: 6,5
30 Jaqueline – No início, mostrou intensidade e criou boas jogadas pelos lados do campo, mas o calor e o desgaste físico a fizeram desaparecer ao longo do jogo. Ainda assim, sua contribuição nos primeiros minutos foi importante.
18 Gabi Portilho – Embora tenha tido poucas oportunidades claras, fez ótimas jogadas individuais quando acionada. No segundo tempo, seu desempenho caiu, mas foi sempre uma jogadora de muita entrega.
Substituições
08 Yaya (entrou aos 18 minutos) – Ao substituir Ju Ferreira, manteve o nível de atuação no meio de campo. Deu bons passes e contribuiu muito para segurar os contra-ataques adversários.
77 Carol Nogueira (entrou aos 28 minutos) – Sua entrada foi decisiva para a virada. Mostrou oportunismo ao estar bem posicionada para marcar o segundo gol do Corinthians. Sua velocidade não apareceu tanto por conta do calor, mas foi eficiente na conclusão.
22 Fernanda (entrou aos 41 minutos) – Entrou com muita energia, trazendo força física e vontade ao time. Apesar de tocar pouco na bola, foi essencial no momento de pressão do time.
11 Eudimilla (entrou aos 41 minutos) – Rápida e incisiva, teve uma chance clara, mas errou. No entanto, compensou com a jogada que originou o terceiro gol, mostrando muita persistência. Nota: 7,0
Conclusão: Um Alerta e uma Celebração
Apesar da vitória por 3x1, é evidente que há muito o que melhorar. A equipe não conseguiu manter uma consistência tática durante o jogo, e as condições climáticas quase comprometeram o desempenho das atletas. No entanto, a vitória foi uma demonstração de como a mística corinthiana, especialmente em um dia tão significativo como o aniversário do clube, pode fazer a diferença. Lucas Piccinato ainda tem muito trabalho pela frente, principalmente no que diz respeito à formação tática e à gestão de elenco. Mas a vitória de hoje é para ser comemorada, não apenas pelo resultado, mas pela demonstração de caráter e vontade que as Brabas mostraram em campo.
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