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Crítica ao Vice-Campeonato e a Performance do Corinthians Feminino




Introdução


O Corinthians entrou em campo para disputar a grande final da Supercopa Feminina, buscando consolidar sua hegemonia no futebol nacional. Com um elenco experiente e acostumado a decisões, as Brabas enfrentaram um adversário que vinha motivado para tentar surpreender. O jogo apresentou momentos distintos, com um primeiro tempo de domínio falso corinthiano e uma segunda etapa mais equilibrada, culminando na consagração do título. A seguir, detalhamos cada momento da partida, com um olhar crítico sobre o desempenho individual e coletivo do time.


1° tempo como foi?

O primeiro tempo foi marcado por dificuldades do Corinthians na saída de bola e pela pressão do São Paulo, que aproveitou os erros das Brabas para criar boas chances, especialmente pelo lado esquerdo da defesa. A equipe corinthiana, escalada com três zagueiras, duas alas e duas meias de criação, teve problemas para conectar os setores, resultando em passes errados e posse de bola pouco produtiva.


Nos primeiros minutos, o São Paulo sufocou a saída de bola do Corinthians e teve oportunidades claras, enquanto as Brabas só conseguiram responder em um cruzamento que sobrou para Tamires, que finalizou mal. Com dificuldades para construir jogadas, o Corinthians frequentemente recuava a bola para a defesa, o que gerava riscos desnecessários. Em momentos isolados, a equipe conseguiu subir as linhas e criar alguma presença ofensiva, mas sem efetividade, apostando em cruzamentos pouco perigosos.


No meio do primeiro tempo, a equipe corinthiana teve sua melhor chance, mas logo voltou a errar na saída de bola e concedeu oportunidades ao São Paulo, que não soube aproveitar. Mesmo tentando pressionar nos minutos finais, o Corinthians pecou na precisão dos passes e não conseguiu levar perigo real ao gol adversário. O ponto positivo foi que, apesar dos erros, as Brabas não sofreram gols.


A formação utilizada parecia interessante no papel, mas, na prática, esbarrou na dificuldade das zagueiras em iniciar as jogadas e na falta de apoio para as meias, que se viam obrigadas a recuar ou abrir para as alas, resultando em passes sem progressão. Com as atacantes isoladas e sem vantagem na velocidade, a única alternativa ofensiva foram bolas paradas e cruzamentos sem grande efetividade. O desempenho da equipe precisaria melhorar consideravelmente para o segundo tempo.


E o 2° tempo?

O segundo tempo foi marcado por um jogo intenso e cheio de oscilações, com momentos de domínio corinthiano e períodos de forte pressão adversária. Logo no início, um erro na saída de bola forçou a goleira Lelê a cometer um pênalti, mas a cobrança fraca do São Paulo resultou em uma defesa tranquila da camisa 12, evitando o pior para as Brabas.


Após o susto, o Corinthians adiantou a marcação e passou a dificultar a saída de bola adversária, criando sua melhor chance até então em uma cabeçada de Ariel Godoi após escanteio de Duda Sampaio, exigindo grande defesa da goleira são-paulina. No entanto, a falta de uma volante de marcação deixava um espaço perigoso entre a defesa e o meio-campo, tornando cada erro na saída de bola um risco enorme.


Com a posse no campo de ataque, as Brabas conseguiam construir boas jogadas, mas pecavam na falta de finalizações objetivas. A equipe girava a bola de um lado para o outro, mas não conseguia converter o volume ofensivo em chances reais. Isso permitia que o São Paulo explorasse os contra-ataques, embora também não levasse grande perigo nas finalizações.


Na metade final do jogo, o São Paulo apertou a marcação e forçou erros do Corinthians, que começou a apostar em lançamentos longos sem sucesso. O ritmo da partida se tornou frenético por alguns minutos, com oportunidades para ambos os lados, mas logo desandou em uma sequência de passes errados, faltas constantes e chutões sem direção.


Nos minutos finais, o Corinthians acumulou erros de passe e sofreu uma forte pressão defensiva. O São Paulo chegou a balançar as redes aos 48 minutos, mas o gol foi corretamente anulado por impedimento, levando a decisão para os pênaltis.


O segundo tempo escancarou a principal fragilidade das Brabas: a incapacidade de transformar o domínio ofensivo em chances reais de gol, uma característica que antes definia o time e que vem se perdendo desde o ano passado. Além disso, a defesa seguiu comprometendo com erros na saída de bola, tornando o jogo mais perigoso do que deveria ser.


Como foram as Brabas individualmente?

12 Lelê (Goleira) - A goleira teve uma atuação sólida na primeira metade do jogo, sem comprometer, mas dando alguns sustos com seus erros de visão. No segundo tempo, fez uma defesa importante ao defender um pênalti logo no início. Apesar disso, não conseguiu defender nenhuma das cobranças nas penalidades. Seu desempenho foi misto, com boas ações, mas também falhas que não comprometem a confiança no gol.

4 Thais Regina (Zagueira) - No primeiro tempo, teve dificuldades em seus passes e precisou se desdobrar para corrigir suas falhas defensivas. No segundo tempo, os erros continuaram, com passes imprecisos e uma defesa aberta. Ela não conseguiu proporcionar a solidez necessária na defesa e teve dificuldades em apoiar a transição ofensiva. Foi uma das jogadoras mais inconsistentes em campo.

20 Mariza (Zagueira) - Mariza começou o jogo tentando ser a primeira defensora a dar combate, mas foi constantemente pega em posições desconfortáveis devido à proximidade das jogadas com o gol. No segundo tempo, a situação não melhorou. O desajuste defensivo foi evidente, com muito esforço para corrigir o posicionamento, mas sem sucesso. Apesar disso, ela marcou seu pênalti com segurança nas cobranças.

5 Thais Ferreira (Zagueira) - A defesa de Thais Ferreira foi comprometida por inúmeros erros de passe no primeiro tempo, os quais geraram oportunidades perigosas para as adversárias. No segundo tempo, ela seguiu cometendo erros de decisão, como tentativas de dribles fora de posição. Sua atuação foi longe da ideal, prejudicando a transição defensiva e a organização do time.

21 Paulinha (Ala) - No primeiro tempo, Paulinha não conseguiu se destacar, sendo ineficaz tanto na defesa quanto na criação de jogadas ofensivas. No segundo tempo, a situação permaneceu a mesma: apagada e sem conseguir contribuir de maneira significativa, especialmente na articulação de jogo. Sua falta de presença foi um dos fatores que dificultaram a ofensiva da equipe. Foi substituida no intervalo.

8 Yaya (Volante) - Yaya teve mais destaque no primeiro tempo, sendo a única jogadora no meio-campo a tentar defender de forma mais direta. No entanto, a falta de apoio e a pressão das adversárias fizeram com que suas tentativas fossem em vão. Foi substiuita no intervalo.

Duda Ferreira (Meio-Campo/Volante) - Duda teve uma performance apagada no primeiro tempo, sem saber exatamente qual função desempenhar em campo, o que afetou tanto a defesa quanto a criação. No segundo tempo, seu posicionamento continuou confuso, e ela não conseguiu fazer a diferença. Sua falta de intensidade e presença em campo prejudicou a equipe.

37 Tamires (Ala) - Tamires tentou contribuir ofensivamente no primeiro tempo, mas seus lançamentos para as atacantes não tiveram sucesso. No segundo tempo, ela teve uma atuação mais discreta e foi substituída aos 25 minutos. Sua performance foi abaixo das expectativas, com poucas participações relevantes.

17 Vic Albuquerque (Meia) - No primeiro tempo, Vic não conseguiu se destacar, com dificuldades em se posicionar e criar jogadas ofensivas. No segundo tempo, a situação não mudou, e ela continuou sumida em campo, perdendo um pênalti nas cobranças. Sua falta de presença ofensiva e organização foi um dos maiores problemas para o time.

22 Juliete (Ala) - Juliete entrou no segundo tempo, mas sua participação foi limitada. Ela correu mais para trás do que ajudou no ataque, com pouca contribuição ofensiva. A sua entrada não trouxe a mudança necessária para o time.

19 Letícia Monteiro (Meia) - Letícia entrou no segundo tempo, mas teve uma atuação invisível, com pouca interação com a bola e sem criar chances efetivas. Sua contribuição foi praticamente nula.

77 Carol Nogueira (Ala/Meio-Campo) - Carol iniciou bem no segundo tempo, mas sua atuação logo caiu. Ela foi pressionada pela defesa adversária e não conseguiu manter o mesmo nível de intensidade. A falta de apoio defensivo a fez perder espaço no meio-campo, dificultando as transições.

10 Gabi Zanotti (Atacante) - No primeiro tempo, Gabi teve dificuldades com a falta de velocidade para corresponder às exigências da posição de segunda atacante, comprometendo o ataque. No segundo tempo, suas tentativas de movimento também não foram bem-sucedidas, embora tenha marcado seu pênalti.

94 Ariel Godoi (Atacante) - No primeiro tempo, Ariel se destacou pela sua disposição em correr e se dedicar ao jogo, mas sem qualidade técnica para fazer a diferença. No segundo tempo, seu desempenho foi similar, sem conseguir traduzir sua luta em ações efetivas. Ela saiu aos 25 minutos, tendo corrido bastante, mas sem produzir o esperado.

9 Andressa Alves (Atacante) - Andressa teve boas participações no segundo tempo, mas estava distante da área, o que limitou seu poder de finalização. Apesar disso, marcou seu pênalti nas cobranças. Sua atuação foi mais focada na tentativa de recuperar sobras, mas sem eficácia no ataque.

7 Robledo (Atacante) - Robledo teve uma entrada muito discreta aos 40 minutos do segundo tempo, sem tocar na bola durante o tempo normal. Nas cobranças de pênalti, foi a responsável por perder a última cobrança. Sua participação foi quase inexistente, tanto durante o jogo quanto nas penalidades.


Considerações finais

Estamos diante de um vice-campeonato que é um reflexo claro da atual realidade do time, um time que parece estar distante de ser competitivo ao nível que o Corinthians merece. Hoje, a equipe não tem poder de decisão e força no ataque. Não é por falta de qualidade individual – temos jogadoras de enorme talento – mas sim por uma construção tática completamente desorganizada. O que vimos nesta temporada é um time sem identidade, sem reação, e muito menos com a capacidade de dominar a partida quando as coisas apertam. Essa fragilidade será vista o ano todo, no Campeonato Brasileiro, na Libertadores e no Paulista. O time não sabe sair jogando, comete erros infantis, e os problemas estruturais no sistema defensivo refletem no desempenho do ataque.


O posicionamento das jogadoras em campo está absolutamente desconexo, com uma constante falha na ocupação dos espaços e uma marcação frouxa. As linhas estão muito distantes umas das outras, criando um vazio entre o setor defensivo e o meio-campo, e dificultando a ligação entre os setores. Este problema é ainda mais agravado por um esquema tático, o 3-5-2, que pode funcionar, mas está sendo mal executado e mal treinado. O trabalho de Piccinato é questionável, pois, em vez de aproveitar a qualidade das jogadoras, ele tem "escondido" as principais peças da equipe. Duda e Vic, por exemplo, são completamente engolidas pelo meio-campo. Elas não recebem a bola que deveria ser passada diretamente da defesa para o meio, principalmente por causa dos erros das zagueiras, que falham nos passes ou simplesmente fazem lançamentos diretos, imprecisos, que não chegam ao ataque. O resultado disso é que as meias ficam brigando por segundas bolas, um processo que torna a construção ofensiva um verdadeiro caos.


A saída das volantes para o ataque cria um descompasso ainda maior, deixando um imenso espaço no meio-campo, mas sem a recuperação da segunda bola, o Corinthians fica vulnerável e sem controle da partida. No ataque, temos jogadoras como Ariel Godoi e Gabi Zanotti tentando correr contra defesas bem posicionadas e, ao mesmo tempo, uma estratégia que depende de lançamentos longos e chutamentos de qualquer lugar. Ao jogar a equipe para frente dessa maneira, Piccinato não só desperdiça as oportunidades, mas também abre espaços preciosos para os adversários, que, com muita força e pressão, causaram vários problemas para a defesa.


A responsabilidade é clara. O time, que deveria ser uma máquina bem azeitada, continua sendo uma coleção de erros individuais e coletivos, sem a consistência necessária para conquistar títulos. Piccinato, até agora, não conseguiu corrigir os defeitos óbvios no esquema tático e nas tomadas de decisão durante o jogo. E, se as coisas continuarem assim, o que teremos pela frente será mais uma temporada em que o Corinthians Feminino se vê sendo superado, não por falta de talento, mas por falta de estrutura, treinamento adequado e, acima de tudo, pela falta de uma liderança que entenda as necessidades do time.

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