Frequento estádios de futebol e outras arenas esportivas desde quando nasci. Meu pai sempre me levou a jogos na querida S. E. Flor de Vila Formosa, no Canindé, no antigo Palestra Itália, na Rua Javari, no Morumbi, na nossa Fazendinha do Parque São Jorge... Mais adiante, na trajetória das arquibancadas, conheci outros estádios como o templo Maracanã e vivi emoções indescritíveis no hoje extinto Pacaembu.
Nunca abri mão de incentivar meu time. Nosso papel nas arquibancadas é tão fundamental quanto o dos que vestem a camisa dentro dos campos e quadras. Já fui um dos que proferia homofobia e até achava a violência "normal". Porém, hoje em dia, temos toda a informação, possibilidade de aprendizado, sabemos o quanto os crimes de intolerância são nocivos para o convívio em sociedade e só pioramos.
No último domingo, na Neo Química Arena, tudo estava preparado para uma festa fantástica que só a Fiel Torcida Corinthiana sabe fazer. Um grande clássico, envolvendo dois gigantes do Futebol brasileiro, cinco títulos mundiais em campo, tabu do São Paulo nunca ter vencido em Itaquera, o Timão líder do campeonato... ingredientes não faltavam para mais uma bela história ser escrita.
No entanto, a maioria das 45 mil pessoas no estádio esqueceu de torcer para proferir atos homofóbicos. Não adianta nada pregar contra o racismo e agir dessa maneira. Os crimes são exatamente os mesmos. Os hoje "clientes" esquecem de torcer para ofender. Estão mais preocupados em destilar a homofobia. Quando é para cantar o incentivo ao time é "Corinthians" e bem baixinho, para não acordar ninguém. Agora quando é o canto homofóbico vem o "DESSAS BIXA TEREMOS QUE GANHAR" ou "VAI PARA CIMA DELAS, DA BIXARADA"... e esgoelam-se para exercer o ódio, por meio da famigerada "liberdade de expressão", afinal no estádio de futebol tudo pode.
Vivi para ver que o ato de incentivar o Corinthians em um momento tão importante ficou em segundo plano. No empate de ontem, a homofobia venceu e proibiu a Fiel de jogar. É lamentável.
Foto: Jose Manoel Idalgo Idalgo
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