“Corinthians domina e controla: eficiência na vitória tranquila, mas longe do ápice”
- fredsco1
- há 8 horas
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Dia 17 de maio de 2025, sábado à noite, 21h, em Osasco. Longe da Fazendinha — que continua interditada por pura negligência e falta de manutenção para receber jogos noturnos —, o Corinthians entra em campo contra o Sport Recife pela 11ª rodada da fase de classificação do Brasileirão. O palco do confronto é o estádio José Liberatti, emprestado mais uma vez para que o básico aconteça: o Corinthians jogar.
Com um time bastante modificado, num claro rodízio pensando na maratona de jogos entre o Brasileiro e o Paulista, as Brabas enfrentam o lanterna do campeonato, dono de apenas 2 pontos e que já sofreu 23 gols em 10 jogos. O cenário fala por si: tudo indica uma goleada. Mas no futebol, o que parece óbvio nem sempre se desenrola como o esperado — principalmente quando o básico, como ter estádio em condição de uso, já virou luxo.
Como foi o primeiro tempo?
O Corinthians começou o jogo com o pé no acelerador. Logo aos 50 segundos, Tamires lançou na área e Jhonson até balançou as redes, mas o gol foi anulado por impedimento. A partir daí, o domínio foi completo. A equipe trocava passes com tranquilidade, ocupava o campo ofensivo, mas pecava no último toque. O gol parecia questão de tempo — e foi. Depois de algumas boas chegadas com Jaqueline, Robledo e Tamires, a artilheira Jhonson abriu o placar aos 14, aproveitando uma lambança da defesa do Sport. E não parou por aí. Quatro minutos depois, em novo bate-rebate, Jhonson apareceu de novo no lugar certo, na hora certa: 2x0, com autoridade.
Mesmo com um gramado ruim e jogando longe da Fazendinha, as Brabas se impuseram com velocidade e qualidade ofensiva. O terceiro gol veio aos 26, em linda jogada de Letícia Monteiro que deixou a marcação na saudade antes de servir Jhonson, que, com um toque de letra, sacramentou o hat-trick ainda no primeiro tempo. O Corinthians seguiu pressionando, criando, e só não ampliou porque faltou capricho nas finalizações. O adversário? Nulo. Um time lento, desorganizado e perdido diante da intensidade corinthiana. Não foi um show de espetáculo, mas foi um primeiro tempo eficiente, dominante e com um placar que fez jus ao que se viu em campo.
O segundo tempo
O segundo tempo começou com o Corinthians mantendo o domínio total da partida, mas agora com uma postura mais contida. As Brabas seguiam ocupando o campo de ataque, trocando passes com calma, buscando triangulações pelas pontas, principalmente com Gi Fernandes e Jaqueline, que criaram boas jogadas — ainda que, muitas vezes, as finalizações tenham ficado devendo. A artilheira Jhonson quase marcou de cabeça após cobrança de falta, e em outro lance viu sua finalização ser salva em cima da linha. A arbitragem ainda deixou passar um pênalti claro por toque de braço após cruzamento da Eudimilla. Mesmo com esse cenário, o time manteve o controle absoluto e não deu brechas para o Sport respirar.
A partir da metade final, o ritmo caiu propositalmente. O Corinthians administrava o placar e a posse de bola, fazendo as adversárias correrem atrás. Ainda assim, criou chances claras com Robledo, Gabi Zanotti e Andressa Alves. O gol que fechou a conta veio aos 35: jogada tranquila, cruzamento de Gi, domínio de peito da Vic e finalização limpa da Zanotti para marcar o quarto. Um segundo tempo sem espetáculo, mas com inteligência. Numa temporada exigente com dois campeonatos duros, jogos como o de hoje servem para poupar, evitar riscos e, acima de tudo, manter a confiança e o ritmo. Vitória tranquila, atuação segura e mais três pontos no bolso.
Avaliação individual
01 – Nicole; Discreta do começo ao fim. Não foi exigida em nenhum momento e, diferente de outros jogos, também não contribuiu com os pés na construção de jogadas. Cumpriu o básico e nada além disso.
23 – Gi Fernandes; Ainda que abaixo dos últimos jogos brilhantes, foi muito sólida. Defensivamente impecável e no apoio ao ataque, especialmente no segundo tempo, teve volume e qualidade. Sua conexão com Jaqueline funcionou bem. Participou do quarto gol com um bom cruzamento.
99 – Erika; Segura, firme e sem riscos. Soube antecipar as jogadas e cortou tudo que tentou chegar perto da área. Liderança silenciosa, mas que organiza a defesa com autoridade.
20 – Mariza; Teve pouco trabalho, mas ainda assim se posicionou muito bem. As adversárias praticamente não conseguiram entrar pelo centro. Quando precisou, foi firme.
37 – Tamires; Mais uma partida onde demonstra estar em grande fase física e técnica. Teve liberdade para subir ao ataque e usou isso com inteligência. Só precisa calibrar melhor as bolas paradas, mas mesmo assim foi importante em lances que geraram perigo.
31 – Dayana Rodrigues; Fez um excelente primeiro tempo, dominando tudo que vinha pelo meio. Mesmo após uma pancada forte, voltou para o segundo tempo e manteve a qualidade até sair. É o tipo de volante que antecipa, desarma e sai jogando. Fundamental.
19 – Letícia Monteiro; Partida completa: presença ofensiva com boas jogadas, passes e até assistência. Saiu cedo no segundo tempo, mas enquanto esteve em campo, foi eficiente e participativa.
10 – Gabi Zanotti; Esteve apagada em boa parte do jogo, longe da área e sem o protagonismo de costume. Porém, mostrou sua qualidade sendo decisiva quando teve a chance: dominou e marcou o quarto gol. Jogadora de alto nível mesmo nos dias discretos.
30 – Jaqueline; Muito ativa no primeiro tempo, tentou jogadas individuais, dribles e finalizações. No segundo tempo, manteve a movimentação e participação, mas pecou bastante nas finalizações, algumas até displicentes. Saiu cedo na segunda etapa.
7 – Gisela Robledo; Incansável. Correu muito, criou, cruzou e se entregou o tempo inteiro. Ainda comete erros de decisão e precisa caprichar mais nas conclusões, mas sua presença no ataque foi constante. Precisa só transformar entrega em gol.
40 – Jhonson; Artilheira letal. Marcou três gols no primeiro tempo, sempre bem posicionada, aproveitando falhas e espaços. No segundo tempo teve chances para ampliar, mas acabou saindo aos 30 minutos. Mais uma vez mostrou que vive grande fase.
3 – Letícia Teles; Entrou no intervalo com segurança, mas cometeu um erro grosseiro num cruzamento adversário que poderia ter virado gol. No geral, teve pouco trabalho, mas precisa de mais atenção nos lances decisivos.
9 – Andressa Alves; Começou discreta e distante do gol, mas quando se aproximou da área, mostrou sua qualidade. Criou perigo e levou intensidade ao time. Ainda se ajustando ao ritmo do grupo.
11 – Eudimilla; Entrou muito bem pela direita, participou de boas jogadas com Gi Fernandes. Após mudar de lado, caiu de produção e praticamente desapareceu do jogo. Boa entrada, mas precisa manter o ritmo independente do setor.
8 – Yaya; Entrou com muita vontade, talvez até demais. Cometeu duas faltas duras, levou cartão justo e teve pouca influência no jogo. A única exceção foi uma cabeçada perigosa. Precisa controlar melhor a ansiedade.
17 – Vic Albuquerque; Pouco tempo em campo, mas com participação decisiva. Deu a assistência para o quarto gol e depois ajudou a controlar o ritmo do jogo com bons passes curtos e inteligência tática. Participação pontual, mas valiosa.
Considerações Finais
O Corinthians mostrou sua força ofensiva logo no primeiro tempo, abrindo uma vantagem confortável de 3x0, com a atacante Jhonson brilhando ao marcar três gols decisivos. No segundo tempo, o time soube administrar bem essa vantagem, mantendo a posse com passes precisos e acelerando o ritmo quando necessário para criar chances, sem precisar forçar demais ou se expor, diante da fragilidade evidente do adversário. O resultado final de 4x0 reflete uma vitória tranquila e sem grandes riscos, um jogo onde o Corinthians dominou com eficiência, mesmo que longe do espetáculo.
O treinador Lucas Piccinato acertou na escalação e nas substituições, executando uma leitura tática inteligente para o contexto da partida. Apesar do jogo ter sido pouco vistoso e até feio em alguns momentos, a estratégia foi correta e trouxe o resultado esperado. Contudo, fica claro que o time ainda tem muito mais potencial a ser explorado, e jogos assim são importantes para poupar atletas, mas não podem servir de parâmetro para o que esse elenco pode — e deve — fazer em partidas mais desafiadoras.
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