Corinthians vence grêmio por 2x0 com outra atuação mais ou menos
- fredsco1
- há 13 horas
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01 de Maio de 2025, Estádio Alfredo Schürig
Pela 8ª rodada da fase de classificação do Campeonato Brasileiro Feminino, as Brabas do Corinthians enfrentaram as Gurias do Grêmio em meio a um ambiente cada vez mais conturbado dentro e fora de campo.
Após semanas de instabilidade e atuações tecnicamente questionáveis, a pressão da torcida só aumenta. Enquanto isso, o técnico Lucas Piccinato segue agindo como se tudo estivesse sob controle — uma postura que beira a negação da realidade. A insatisfação da Fiel, expressa em protestos constantes, também se volta à diretoria, que novamente deixa a desejar: segundo portais especializados na cobertura do clube, o pagamento do prêmio pela conquista da Libertadores Feminina de 2024 — parcelado em 10 vezes — está, mais uma vez, em atraso.
No meio dessa crise institucional, política e esportiva, ainda há futebol para disputar. O adversário da vez é o mesmo da estreia na temporada: o Grêmio. Naquele primeiro encontro, o Corinthians sofreu para superar a forte e desleal marcação adversária até que a zagueira gremista foi justamente expulsa. Só então, com força máxima em campo, o time conseguiu construir um 3x0 aparentemente tranquilo. Mas hoje, com os mesmos fantasmas ainda rondando o clube, como será escrita essa nova história?
1° tempo
O primeiro tempo no Parque São Jorge começou promissor para o Corinthians. Logo com um minuto e meio, Eudimilla sofreu um pênalti claro que a arbitragem ignorou, sinalizando desde cedo a dificuldade que as Brabas enfrentariam não apenas contra o Grêmio, mas também contra o apito. A proposta de jogo inicial era clara: bolas longas pelas pontas, pressão média na saída adversária e intensidade ofensiva. A estratégia funcionou bem nos primeiros 30 minutos. O time criou ao menos oito chances claras de gol, com destaque para finalizações de Vic Albuquerque, Dayana e Eudimilla, mas a ineficiência nas conclusões e a ausência de precisão no momento final mantiveram o placar zerado. A goleira adversária, mesmo sem fazer grandes defesas, viu a bola rondar sua pequena área com frequência. A resposta do Grêmio só veio após erros grotescos na saída de bola do Corinthians — mais uma vez, a displicência na defesa quase custou caro.
Depois da blitz ofensiva e do controle quase absoluto do jogo, o que se viu foi o enredo de sempre: a adversária se joga no chão para esfriar a partida, e o Corinthians cai na armadilha emocional. A goleira gremista paralisou o jogo duas vezes alegando dores (sem sequer ter feito defesas), o que já é prática recorrente contra o Timão. A cereja do bolo foi a bizarrice protagonizada por Raissa Bahia, expulsa corretamente após entrar em campo duas vezes sem autorização da arbitragem — lance tão inédito quanto ridículo. Mas nem com uma a mais as Brabas souberam se reorganizar. Os últimos 15 minutos foram marcados por precipitação, nervosismo e descontrole emocional. As tomadas de decisão passaram a ser ruins, os passes perderam qualidade, e as jogadas ofensivas simplesmente desapareceram. O que começou como um domínio técnico e tático terminou como um retrato claro do que tem sido a temporada: potencial desperdiçado por falta de eficiência e maturidade.
2° tempo
O segundo tempo foi um retrato fiel da superioridade técnica do Corinthians frente a um Grêmio com uma jogadora a menos desde o fim da primeira etapa. Mesmo assim, a dificuldade em transformar domínio em gols ficou escancarada. As Brabas empilharam escanteios, cruzamentos e finalizações sem precisão — insistindo num jogo excessivamente concentrado pelas pontas, o que tornava as jogadas previsíveis e facilmente neutralizadas. A insistência nos lançamentos longos, ora bem executados, ora desastrosos, revelava a falta de articulação mais trabalhada pelo centro. Ainda assim, mesmo com erros técnicos visíveis, a imposição física e o volume ofensivo acabaram sendo recompensados: aos 32, em uma rara jogada bem construída, Jaqueline marcou um golaço cercada por três defensoras, após boa triangulação com Thamires, Zanotti e Duda Sampaio. O Corinthians finalmente tirava o zero do placar, não por organização, mas por insistência e talento individual.
A reta final do jogo foi marcada pelo mesmo enredo: ataque contra defesa. O Corinthians continuou desperdiçando oportunidades, com cruzamentos mal feitos, finalizações fracas ou fora do alvo e cobranças de bola parada simplesmente bizarras. Ainda assim, aos 51 minutos, após uma sequência de escanteios, a lenda Gabi Zanotti apareceu na área e, em dois tempos, empurrou para o gol e fechou o placar. Foi um 2x0 justo, mas longe de empolgante. A equipe, mesmo com a vantagem numérica, demonstrou enorme dificuldade em furar linhas compactas quando o talento individual não resolve. Em contrapartida, a disposição física merece registro: o time correu com intensidade do primeiro ao último minuto, sem sinais de queda de rendimento. No entanto, o que deveria ser uma vitória convincente virou mais um jogo que escancara a falta de repertório ofensivo e a dependência de lampejos isolados.
Avaliação individual
01 Nicole - Teve mais uma atuação discreta, assistindo ao jogo e pouco participando. No entanto, no primeiro tempo, sua saída de bola foi equivocada e quase resultou em um gol adversário. A mesma falha se repetiu no segundo tempo, quando quase cedeu um gol ao Grêmio. Uma atuação que não transmite segurança para uma goleira de uma equipe de ponta.
23 Gi Fernandes - Fez um bom jogo no apoio ao ataque, especialmente no primeiro tempo, onde apareceu com boas infiltrações e ajudou a neutralizar o jogo pelo seu lado. No segundo tempo, foi uma das jogadoras mais destacadas, com boas tabelas e uma disposição excelente. Porém, seu cruzamento poderia ter sido mais preciso em alguns momentos. Uma jovem promissora.
5 Thais Ferreira - Fez um jogo seguro e foi sólida defensivamente. No primeiro tempo, não deu chances para as atacantes adversárias, com boas antecipações e posicionamento. No segundo, teve uma boa presença de marcação e, embora não tenha se mostrado tão ativa no apoio ao ataque, foi eficiente quando necessária.
20 Mariza - No primeiro tempo, teve uma atuação sólida, mas com um pequeno erro de saída de bola junto com Nicole, que poderia ter gerado perigo. No segundo tempo, foi mais presente no início das jogadas e se mostrou segura. Não teve trabalho significativo defensivamente e salvou o time após erro de Nicole.
37 Thamires - No primeiro tempo, se destacou muito no apoio ao ataque, criando boas jogadas, mas deixando algum espaço nas suas costas, o que gerou algumas investidas adversárias. No segundo tempo, sua intensidade física foi um grande ponto positivo, com atuações confiantes tanto no ataque quanto na defesa. Mostrou grande evolução e postura digna de confiança.
31 Dayana Rodrigues - Teve uma atuação sólida e eficiente no primeiro tempo, sem grandes erros, cumprindo seu papel tático. No segundo, saiu aos 13 minutos e não teve muito tempo de mostrar algo novo, mas seu trabalho defensivo foi importante, ajudando a criar as oportunidades de ataque quando necessário.
27 Duda Sampaio - No primeiro tempo, teve uma atuação mediana, sem brilhar como se espera dela. Criou algumas chances no ataque, mas pouco contribuiu para um impacto decisivo. No segundo tempo, manteve o mesmo nível, sem se destacar, fazendo o básico, mas não impulsionando a equipe com a força que sua habilidade poderia proporcionar.
17 Vic Albuquerque - No primeiro tempo, esteve bem no início, oferecendo bons passes e ajudando na velocidade das pontas, mas foi se tornando mais burocrática à medida que o jogo avançava. No segundo tempo, sua participação foi mais notável após as substituições, quando se encaixou melhor no jogo e se destacou com bons passes. Ainda assim, poderia ter sido mais incisiva.
11 Eudimilla - No primeiro tempo, se destacou com boas jogadas e até sofreu um pênalti não marcado. No entanto, à medida que o jogo avançava, foi perdendo força, cometendo erros e perdendo a posse de bola. No segundo tempo, saiu cedo, mas sua frustração foi visível, principalmente com as faltas não marcadas, o que afetou sua concentração.
77 Carol Nogueira - Foi uma presença constante, mas sem muita inteligência de jogo. No primeiro tempo, não conseguiu gerar perigo e ficou refém da correria, sem consistência nas jogadas. No segundo tempo, continuou com a mesma característica, sem conseguir ser efetiva nas finalizações ou na criação de jogadas.
40 Jhonson - No primeiro tempo, ficou muito presa entre as zagueiras e não conseguiu deixar sua marca. No segundo, saiu aos 22 minutos, com a sensação de que seu papel foi mais de guerrilha na área, tentando, mas sem muito êxito, superar a forte marcação das defensoras. A ausência de espaço fez com que se limitasse apenas a disputar bolas difíceis.
10 Gabi Zanotti - Entrou no segundo tempo e foi uma das jogadoras que mais fez a diferença. Com apenas 2 cm de espaço, é capaz de criar boas jogadas e finalizações. No jogo de hoje, fez o gol que garantiu a vitória, mostrando, mais uma vez, que é uma jogadora decisiva quando precisa.
9 Andressa Alves - Entrou para trazer dedicação e força ao time. Sua entrega em campo é incansável, mas seu posicionamento foi prejudicado por sua tendência de se doar demais a todas as partes do campo, o que a fez ocupar espaços onde deveria ser mais efetiva. Sua disposição é importante, mas às vezes acaba sendo mais prejudicial do que benéfica ao time.
30 Jaqueline - Entrou bem, com muita habilidade e versatilidade. Sua movimentação pelas faixas do campo deu à equipe a flexibilidade que faltava no jogo. Foi decisiva ao marcar um golaço após uma bela jogada coletiva.
94 Ariel Godoi - Entrou aos 22 minutos e teve pouca participação no jogo, sendo praticamente invisível até o final da partida. Sua entrada não teve impacto no ritmo do jogo.
21 Paulinha - Entrou aos 41 minutos, substituindo Gi Fernandes, e deu continuidade ao bom trabalho feito pela lateral jovem. Não teve tempo suficiente para ser mais participativa, mas fez sua parte de forma eficiente.
Considerações finais
Lucas Piccinato tentou implementar uma estratégia que reflete sua própria concepção de jogo, mas, mais uma vez, o time se mostrou ineficaz e sem brilho. O empate sem gols no primeiro tempo evidenciou a falta de ideias e a ausência de liderança do técnico. Somente quando a velha base foi reintroduzida em campo, a qualidade nas jogadas e finalizações melhorou, resultando nos gols que deram a vitória ao Corinthians. No entanto, o que fica claro é que a equipe segue ganhando não por mérito de Piccinato, mas apesar dele. O trabalho do treinador continua sendo, no mínimo, questionável, e a diretoria também tem sua parcela de responsabilidade ao manter alguém sem a mínima capacidade de levar as Brabas a um nível superior. O Corinthians merece mais, e o time, mais uma vez, mostrou que poderia render muito mais se tivesse um comando à altura do seu potencial.
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