“Paulistão Feminino começa forte em campo, mas vergonhoso fora dele”
- fredsco1
- há 11 minutos
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O Campeonato Paulista Feminino 2025 começou reafirmando sua condição de torneio estadual mais forte e disputado do país, mas também já escancarando suas falhas estruturais. Dentro de campo, o nível técnico segue alto, com elencos recheados de talentos e confrontos de peso desde as primeiras rodadas. Fora dele, no entanto, a organização continua falhando com as jogadoras, os clubes e principalmente com o público. A falta de profissionalismo na definição de horários e na estrutura de transmissão tem prejudicado não só o crescimento da competição, mas também o respeito que ela merece.
Na primeira rodada, o Corinthians recebeu o Red Bull Bragantino no Parque São Jorge e venceu com autoridade por 4 a 0. Mas o que deveria ser uma grande estreia foi sabotado por um absurdo: a bola rolou às 18hs de uma quarta-feira, em São Paulo dia de semana com a população saindo do trabalho e com arquibancadas vazias. A escolha do horário, somada à transmissão relegada ao Sportv, resultou em audiência pífia — reflexo direto da falta de compromisso da Federação Paulista com a promoção do futebol feminino. É inaceitável que um dos maiores clubes do país entre em campo em um horário impraticável para o torcedor trabalhador e para quem estuda. O jogo merecia uma atmosfera de grandeza, não um cenário desolado.
Na segunda rodada, o Corinthians visitou o Santos no Bruno José Daniel e venceu o clássico por 3 a 0, com gols de Ariel Godoi (duas vezes) e Eudimilla. Mais uma vez, a bola rolou, o time se impôs tecnicamente — mas a vergonha veio de fora das quatro linhas. A UOL iniciou a transmissão no YouTube, como havia prometido, mas interrompeu a exibição durante o segundo tempo, forçando os torcedores a migrarem para seu site e pagarem por acesso. É o cúmulo da falta de respeito com o público, que já sofre com escassez de transmissões e agora também é usado como moeda de troca comercial. A UOL, que se diz apoiadora do futebol feminino, prestou um desserviço à modalidade com essa prática oportunista e desonesta.
Por fim, a organização do campeonato beira o amadorismo. O Paulista Feminino tem estrutura para ser referência — mas entrega um papelão ano após ano. Não bastassem os horários e transmissões, agora surgem denúncias gravíssimas de jogadoras do Red Bull Bragantino e do São Paulo, que relataram ofensas verbais e condutas agressivas por parte da arbitragem na primeira rodada. A Federação Paulista até agora não apresentou nenhuma resposta pública contundente, nenhuma investigação anunciada com clareza, nenhum respaldo às atletas. Em vez de blindar as jogadoras e valorizar a competição, o que se vê é conivência com práticas que afastam o público, desrespeitam os clubes e desvalorizam o esforço de quem constrói esse espetáculo todos os dias.
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